terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Conceito de Atenção em Psicologia Cognitiva - Parte I

Este texto visa ampliar a compreensão do conceito de atenção e dos termos centrais para o seu entendimento. Também pretende informar sobre alguns aspectos de sua constituição dentro da Psicologia Cognitiva. Ainda que não se trate de um material científico, propriamente dito, tem em vista trabalhar através de uma linguagem clara e objetiva. O trabalho será divido em partes, pois a revisão bibliográfica possuí um risco muito alto, e para evitar erros trabalharemos com calma. Para a elaboração deste material, utilizamos duas referências, primeiramente o livro “Psicologia Cognitiva” de Margaret W. Matlin e também o manual de mesmo título do autor Robert J. Sternberg. 

Quando falamos em atenção rotineiramente utilizamos o termo em múltiplos contextos e como referência a diversos tipos de processos cognitivos. Antes de tudo é necessário pensar tal ação como uma atividade básica para outros processos, tais como a consciência. E que compõe uma capacidade cognitiva de concentrar as nossas atividades mentais eliminando estímulos que interferem na atividade que está em foco. 

Logo, quatro conceitos se tornam necessários para uma melhor compreensão do tema. Compreende-se por “bottom-up” a ação de captar estímulos pelas vias de percepção através do contato com o mundo exterior à mente. Em contraponto trabalha-se a noção de “top-down” para compreender a carga conceitual e mental que está envolvida no reconhecimento do objeto. Ambos participam do processo atentivo, posicionando, à sua maneira, elementos no campo focal ou periférico. 
Em um segundo momento, é necessário compreender a noção de “processamento paralelo” e “processamento serial”. Pois se sabe que as Ciências Cognitivas se desenvolveram, em parte, segundo a metáfora computacional e neste campo multidisciplinar uma série de conceitos foram utilizados na constituição do que temos hoje como Psicologia Cognitiva. Desta forma, o “processamento paralelo” é descrito como a capacidade mental de manipular diversas informações simultaneamente. Pelo contrário, o “processamento serial”, compreende que podemos manipular um item por vez. 


As primeiras teorias sobre a atenção centravam-se na idéia sobre a qual as pessoas possuíam uma capacidade limitada de processamento. Neste momento, lançaram mão sobre a metáfora do gargalo, pois um gargalo atua como um controlador de fluxo que regula a entrada e saída de informações de maneira similar. Desde 1958, quando Donald Broadbent propôs uma das primeiras teorias baseadas na metáfora supracitada, diversas teorias foram propostas por estudiosos da área. Posteriormente, Anne Treisman (1964) apresenta um novo modelo onde, ao invés de um filtro seletivo, existiria um controle de atenuação e conseqüentemente uma capacidade limitada no que se refere ao acesso de informação sensorial aos processos perceptivos superiores. 

A teoria inicial de Broadbent sofreu fortes críticas, e em 1959, Neville Moray, através de seus experimentos sobre a escuta dicótica e o efeito coquetel, discutiu a proposta de Broadbent questionando a localização do filtro seletivo e apontando para o fato onde este filtro não trabalhava em tempo integral pelo fato de existirem informações que rompem o mecanismo de filtragem. Isto foi percebido nos experimentos citados, onde informações lançadas no ouvido dessintonizados, que mesmo em meio a uma tempestade de estímulos, ainda eram captadas pela atenção (p.ex. nome da pessoa, gênero, mensagens bilíngües, etc.). Este turbilhão de idéias, além de contribuir para o avanço das teorias, produziu novos conceitos como o de atenção seletiva por Treisman.

Este é o início das discussões sobre atenção em Psicologia Cognitiva. Espero que tenham gostado e que voltem para acompanhar o desfecho desta história. Como encerramos com a Atenção Seletiva, deixo a dica de vídeo, para pensarmos juntos sobre este conceito que estará presente nas próximas exposições. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Humano, demasiado, humano

Realmente: somos seres monótonos! Fazer com que um robô imite alguns padrões comportamentais humanos demandou anos do MIT. O projeto foi encerrado em 2003 com êxitos significativos para as investigações científicas e filosóficas, mas nada que se comparasse à complexidade cognitiva humana.

Só temos um único assunto para tudo e todos os momentos. Talvez seja por isso que investimos milhões, em tempo e dinheiro, para conseguir que um robô reproduza meia dúzia de palavras.

A Filosofia da Mente está nos gregos, se reformulou na Filosofia Moderna com Descartes, Kant, entre outros, e todas as reflexões servem apenas para concluir: somos monótonos e só temos um ou três assuntos no máximo.

Se isto é monotonia, eu só posso concluir que não sei o que é criatividade. Pois pensar é difícil e os insatisfeitos ainda dizem que representar conceitos, elaborar juízos, relacioná-los em um raciocínio mais complexo é o maior retrato da monotonia humana. 

Sofro por ser o que sou, mas penso que de outras formas seria pior, e que "deve ser difícil... tomar a autoridade como a verdade, em vez da verdade como autoridade." (G. Massey, egiptólogo).

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O amanhecer de um novo dia

Um dia ele não quis mais lutar. Simplesmente desistiu! Não queria ver a vida com os mesmos olhos, e sabia que de alguma maneira, tudo merecia ser questionado. Se lançou no mundo como quem se joga no mar. Foi de braços abertos e olhos ligeiramente fechados, e foi assim que mergulhou, para sentir tudo aquilo que havia procurado por anos.
A dor da queda. A angústia do afogamento. O alívio ao respirar após ter passado alguns segundos debaixo d'água. Nunca mais viu o mundo da mesma maneira, e a vida se dotava de um sentido que há muito não experimentava. Sentir cada parte de seu corpo respirando, vivendo em meio de uma confusão que era só sua. Um sopro de vida que fora renovado em seu interior. Para alguns era loucura. Para outros, nem tanto. Mas para ele, o que era morte, se mostrou como vida. E esta era a vida que ele havia procurado por um bom tempo.